“A MCG PARA MIM FOI UMA SEGUNDA CASA”

Catarina Cardoso, antiga funcionária do departamento de contabilidade da MCG, fala-nos do convívio e respeito que sempre existiu entre as pessoas na empresa. E de muito mais…

Muitas são as histórias sobre a MCG de outros tempos que Catarina Cardoso gosta de contar, sempre com a saudade bem evidente no olhar. Chegou à empresa com 19 anos e saiu em 2005 após 33 anos de trabalho na MCG. E em discurso direto, ficámos agora a conhecer alguns episódios deste percurso.

Como apareceu a MCG na sua vida?

Em 1972, eu trabalhava nos escritórios de uma perfumaria em Algés. Casei em abril desse ano e, como vivia em Alverca, decidi que tinha de encontrar trabalho mais perto de casa. Enviei vários currículos, na altura por carta, e um empresário mostrou interesse em contratar-me para uma empresa no mercado do aço que ia constituir com um outro sócio.

A empresa não avançou, mas esse outro sócio era Manuel da Conceição Graça [o fundador da MCG] e foi ele que acabou por me chamar para trabalhar na MCG, aqui no carregado, pois tinha uma vaga para os escritórios.

O Sr. Manuel da Graça falou comigo, combinámos o vencimento e comecei a trabalhar nos escritórios da empresa a 2 de novembro de 1972. No mesmo momento tinha uma vaga na Câmara Municipal de Arruda dos Vinhos, mas optei pela MCG porque o vencimento era mais elevado, era de 2.200 escudos.

Vim para a MCG trabalhar no registo de faturas de fornecedores e processava letras, livranças, imposto de transações, e tudo mais o que estava relacionado com operações com instituições bancárias. Na altura, todos nós ajudávamos muito uns aos outros, mas este trabalho era dividido entre operações relativas a clientes e fornecedores, e eu estava com a parte de fornecedores.

Antigos Colegas. Na sua visita à MCG, Catarina reencontrou várias pessoas com quem trabalhou. Neste caso, com Luís Silva, do Laboratório MCG.

Como foi testemunhando a evolução da empresa ao longo do tempo?

A MCG evoluía em bom ritmo. A entrada de José Medeiros revolucionou a MCG, e foi melhor até para os Colaboradores, por exemplo. E depois a geração seguinte, apesar de eu ter passado poucos anos com eles à frente da empresa, teve outra abertura e outra visão que faziam falta à empresa. Foi um progresso espetacular, é difícil explicar.

Qual era o maior desafio nas suas funções na MCG?

Em concreto nas minhas funções, talvez a importância da faturação de clientes estrangeiros. Clientes como a AutoEuropa, a Opel, a Scania, a Ebro. Correspondia às muitas peças diferentes que fazíamos para esses clientes e era desafiante.

E fiz parte da entrada dos computadores na nossa empresa. Trabalhávamos com programas de computador específicos na altura, até fomos a Lisboa fazer formação em informática. Primeiro todas as faturas eram físicas e feitas manualmente; mais tarde foi criado um sistema na fábrica em que a guia de remessa já dava origem a uma ligação com o programa de computador e correspondia a uma fatura.

Amizade. Catarina Cardoso com Ema Simões, com quem trabalhou ao longo de muitos anos.

“Nunca faltou um salário na MCG durante o tempo em que cá estive, mesmo nos anos mais complicados em termos de negócio.”

Como era a relação entre as pessoas na altura?

Éramos todos muito amigos, além de colegas. No nosso departamento havia relações muito próximas, entre mim e a Maria José e a Ema, por exemplo. Também na fábrica havia um excelente ambiente entre as pessoas, talvez por sermos poucos.

Havia apenas 60 colaboradores quando entrei. Havia muita convivência. Tínhamos grupos de amigos que comiam sempre juntos, trazíamos cada um de nós ingredientes e pedíamos aos cozinheiros para confecionarem essas refeições.

E sabiam que à hora de almoço até jogávamos sempre às cartas no escritório? E eu era o par do Sr. Medeiros, que era o chefe! Mas já conhecia a forme de ele jogar e corria sempre tudo muito bem, ganhávamos muitas vezes.

O que mais a impressionou na MCG ao longo do tempo?

O progresso. E também a forma como os responsáveis da empresa se preocupavam com as pessoas. Esta é uma empresa familiar que tem os seus bons princípios e que coloca as outras pessoas sempre em primeiro lugar. Coloquem-se no lugar dos outros e sabem como proceder.

Nunca faltou um salário na MCG durante o tempo que cá estive, mesmo nos anos mais complicados em termos de negócio. E, já depois de eu sair, sei que sempre tem sido assim. Isto é uma base importante para as pessoas estares motivadas e fazerem o melhor que podem na empresa.

No meu caso, em 2002 fiquei doente e a minha vida deu uma grande volta,. A MCG apoiou-me em tudo. Estiveram todos ao meu lado nos bons e maus momentos, foram impecáveis. Foi uma fase complicada na minha vida e não tenho nada a apontar à MCG.

Amizade. Catarina Cardoso com Isabel Medeiros, atual diretora de recursos humanos da MCG.

Que conselhos daria a quem entra hoje para a empresa?

É preciso ter responsabilidade naquilo que se faz. E muita gente hoje não tem. Ter responsabilidade e ter a humildade de aceitar conselhos de quem está na empresa e sabe um pouco mais. E ter respeito, pois existindo respeito tudo corre melhor.

Conte-nos uma história divertida que se tenha passado na MCG…

Tive muitos momentos incríveis com o Sr. Manuel [o fundador da MCG]. Ele era muito inteligente. Por exemplo: ele guardava todos os envelopes das cartas numa gaveta; mais tarde, sempre que queria fazer uma conta ou um desenho, ele ia buscar um envelope e era aí que os fazia. Ele fazia as contas, todas elas muito grandes, e depois chamava-me e dizia: “Catarina, vê lá se esta conta está certa. Deve estar, porque já lhe tirei a prova dos nove!”.

Recordações. Catarina Cardoso com José Medeiros, atual administrador da MCG e diretor-geral na altura.

O que a MCG significou na sua vida?

A MCG para mim foi uma segunda casa e uma segunda família. Passámos mais tempo aqui do que com os nossos em casa. Foram muitos anos aqui vividos e foram pessoas que nos bons e maus momentos fizeram aquilo que a minha família me fez: apoiaram-me.