O INEGI é um dos principais parceiros da MCG em projetos de desenvolvimento que envolvem materiais compósitos e outras matérias-primas que podem inovar na conceção de soluções para o segmento dos interiores de comboios e autocarros. Nuno Correia, diretor da Unidade de Materiais e Estruturas Compósitas neste centro, explica-nos em que medida esta parceria é relevante.
Como avalia a colaboração entre a MCG e o INEGI, que benefícios daí advêm?
Até hoje, os projetos que fizemos com a MCG pautaram-se por uma capacidade de realização grande do lado da MCG, e por uma pressão da empresa no que diz respeito à relevância industrial dos resultados. Estivemos envolvidos em projetos em consórcio que ambicionavam, por exemplo, a substituição de peças estampadas em aço por outras, também estampadas, mas em material compósito conformável. O trabalho que fizemos em conjunto foi disruptivo a nível internacional, mas talvez demasiado cedo para o mercado.
O que mais é diferenciador nos projetos com a MCG?
Eu diria que o mais diferenciador da MCG é o portfolio de produtos/clientes e a matriz industrial (e talvez, em terceiro lugar, as localizações geográficas da MCG). Estes têm um grande alinhamento com os setores que referi acima: automóvel e aeronáutica, tecnologias de produção avançadas e eletrificação, por exemplo. Neste contexto, a MCG é altamente diferenciadora para nós (não há muitos exemplos de empresas com este tipo de cobertura industrial). Mas ainda não temos exemplos de projetos que tivessem atingido o nível de implementação e de diferenciação que ambicionamos.
Qual a importância da engenharia e da investigação no crescimento de empresas como a MCG?
Normalmente, o papel da engenharia avançada e da investigação é serem um dos motores do valor dos novos produtos. Este valor tem de ir além da soma dos [custos dos] seus componentes. Daqui decorre uma evidência: que se um possível crescimento competitivo passar por subir na cadeia de valor e por novos produtos, deve estar ligado à integração crescente de atividades de engenharia avançada e investigação. Acredito que a MCG, com engenharia avançada e inovação, e com a liderança e o foco que já possui, pode ser exigente neste impacto e nesta visão, aproveitando o movimento industrial que todos pensamos que vamos assistir nos próximos anos para crescer de forma competitiva.
De que forma o INEGI apoia as empresas na transição para a Indústria 4.0? Inovação, inteligência artificial…
Temos uma oferta específica relacionada com a Indústria 4.0. Desde a conversão de meios industriais (máquinas) existentes, até ao desenvolvimento de novas metodologias de trabalho, passando pelos gémeos digitais (modelos computacionais dos processos existentes, feitos com o objetivo de dar progressivamente às máquinas e aos operadores mais informação) e pela constituição de registos digitais e novos modelos de qualidade. Esta oferta foi sempre pensada para auxiliar a transição das empresas utilizando alguns meios existentes e não exigir a total substituição, porque nos parece que as nossas empresas podem reduzir o risco da transição desta forma.
Sustentabilidade. Que desafios e oportunidades há para as empresas na adoção de soluções mais sustentáveis?
Na minha opinião, a sustentabilidade deve ser vista como um mercado emergente e altamente dinâmico. Este mercado existe devido à necessidade permanente de meios mais eficientes e menos poluentes, passando sempre por uma melhor gestão dos recursos e, em geral, maior resiliência industrial. Nesse contexto, o movimento em direção à sustentabilidade representa uma oportunidade significativa, alinhada com os princípios fundadores da Europa: o reconhecimento de que todo o progresso que valha a pena é não só económico, mas também social. Aqui, o ambiente é a aposta na nossa existência futura, tanto económica quanto social, e, por isso, é o contexto inultrapassável para qualquer progresso que valha a pena. Assim, o maior desafio para as empresas no que diz respeito à sustentabilidade é identificar e desenvolver os produtos associados a esta transição. Este desafio é especialmente complexo quando as exigências dos regulamentos europeus afetam dinamicamente a existência dos mercados, porque por vezes reduzem a competitividade no contexto de forte concorrência de empresas de países como a China e seus parceiros asiáticos. Isto torna essencial a adaptação estratégica, a velocidade e a inovação para manter a competitividade.
Como descreve a missão do INEGI neste momento?
A missão central do INEGI é fomentar a inovação na indústria e impulsionar o desenvolvimento da economia nacional, especialmente através do enriquecimento da oferta com conhecimento e tecnologia. Como instituição sem fins lucrativos e de utilidade pública, o INEGI dedica-se à transformação da indústria e à inovação, contribuindo com o seu conhecimento e recursos dispendiosos e invulgares que, quando faltam, limitam o crescimento das empresas do nosso ecossistema. Além da disponibilização de conhecimento e meios, a missão do INEGI integra a transferência de tecnologia que consiste em fornecer aos nossos parceiros industriais elementos tecnológicos desenvolvidos pelo INEGI até um nível de maturidade suficiente para que a decisão de investir no desenvolvimento de novos produtos, processos ou serviços industriais com base nestas tecnologias seja menos arriscada. O impacto do nosso trabalho é refletido no valor acrescentado aos produtos e serviços que as empresas conseguem implementar com a nossa consultoria ou serviços, bem como na nova oferta resultante da transferência de tecnologia. Por isso, o papel que desempenhamos é avaliável na abertura de novos negócios e na produção industrial dos nossos parceiros.
INEGI – Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Industrial
INEGI é uma Organização de Investigação e Tecnologia (RTO), fundada em 1986, dedicada a atividades de investigação e inovação baseadas em tecnologia, transferência de tecnologia, consultoria e serviços tecnológicos, orientada para o desenvolvimento da indústria e da economia em geral.