A MCG é uma das 20 empresas representativas dos diferentes subsectores da indústria automóvel nacional que compõe o novo Roteiro de Descarbonização do Sector Automóvel Nacional, um projeto liderado pela Mobinov e apoiado pelo PRR – Plano de Recuperação e Resiliência, e pelos Fundos Europeus Next Generation EU.
O projeto tem como objetivo estabelecer metas ambiciosas de redução de emissões de carbono e, simultaneamente, impulsionar a adoção de práticas sustentáveis em toda a cadeia de valor. Para tal irá está a ser feita uma caracterização do status quo das emissões de carbono de cada empresa envolvida no projeto, a partir da qual são definidas sugestões para ajudar todo o sector a reduzir a sua pegada carbónica.
Neste âmbito, Miguel Araújo faz um ponto de situação das atividades que dão corpo ao projeto. O Diretor Geral da Mobinov explica ainda a importância de cada empresa no decorrer deste programa de descarbonização.
MCG: O que motiva o aparecimento do Roteiro de Descarbonização do Sector Automóvel Nacional e quais os principais objetivos do projeto?
Miguel Araújo: O surgimento deste projeto é motivado por uma série de fatores e desafios relacionados com a necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito de estufa (GEE) provenientes do sector automóvel em Portugal. A Mobinov, como cluster automóvel de Portugal, tem o papel de auxiliar estas empresas no processo de descarbonização, e daí o aparecimento deste projeto ambicioso.
O projeto é motivado pelo compromisso assumido pelo país de alcançar a neutralidade carbónica até 2050, alinhado com as metas estabelecidas pela União Europeia. Isso significa que o país deve reduzir substancialmente as emissões de GEE em todos os sectores, incluindo o sector automóvel, que historicamente tem sido uma fonte significativa de emissões.
O Plano Nacional de Energia e Clima 2030 também estabelece metas ambiciosas para a redução destas emissões e promover eficiência energética no sector dos transportes, e por essa razão este projeto é essencial para atingir essas metas definidas, que servem como um passo importante em direção à neutralidade carbónica.
Em termos de metas específicas, o projeto procura a redução das emissões de carbono, a promoção da eficiência energética, o incentivo à eletrificação do parque automóvel, o desenvolvimento de fontes de energia mais limpas e a promoção de práticas sustentáveis em toda a cadeia de valor do sector automóvel. Todas essas metas são essenciais para reduzir o impacte ambiental do sector e cumprir os compromissos de descarbonização estabelecidos a nível nacional e internacional.
MCG: Qual pode ser a importância para uma indústria como a MCG de integrar este programa?
Miguel Araújo: A integração neste projeto de descarbonização demonstra o forte compromisso da MCG com a sustentabilidade e com a responsabilidade corporativa. A participação da MCG é de extrema importância não apenas para demonstrar esse compromisso, mas também para melhorar a imagem da empresa perante consumidores, investidores e regulamentações ambientais rigorosas.
Na perspetiva do projeto, a participação da MCG é fundamental para aprimorar o programa de descarbonização, trazendo uma perspetiva valiosa e contribuindo para uma amostra significativa e representativa de diferentes tipos de empresas. Representando o sector metalúrgico e de engenharia, a MCG tem desafios únicos em relação à descarbonização. E ter a oportunidade de ter este ponto de vista no projeto é valioso para a promoção de soluções mais abrangentes e sustentáveis.
MCG: Numa indústria de transformação, quais serão as principais áreas a acautelar para encetar um processo de descarbonização eficaz?
Miguel Araújo: Para começar com sucesso o processo de descarbonização na indústria de transformação é necessário fazer o exercício de imaginar uma empresa como um ecossistema próprio. Cada ação conta.
É preciso percebermos que emissões de carbono geramos, para entender depois como todas as peças se encaixam. A definição de metas tangíveis de redução é o trajeto que queremos fazer, e a eficiência energética é uma espécie de motor que impulsiona esta “viagem”. Optar por tecnologias eficientes e gerir o consumo de energia de um modo mais inteligente são as opções mais acertadas, assim como a transição para fontes de energia renovável, a eletrificação de processos, o uso de matérias-primas sustentáveis e a prática de gestão de resíduos.
Além disso, a logística e o transporte eficiente ao longo da supply chain são essenciais. E incentivar a inovação tecnológica e envolver todos os níveis da organização, juntamente com o compromisso com certificações ambientais, são passos adicionais.
Por fim, a implementação de sistemas de monitorização e relatórios é vital para acompanhar o progresso e comunicar resultados. A descarbonização bem-sucedida requer um esforço conjunto, não é apenas um objetivo, é mais uma “viagem partilhada” com toda a equipa e um compromisso sólido com a sustentabilidade.
MCG: Na perspetiva da Mobinov, em que ponto de evolução está o processo de descarbonização da indústria em Portugal?
Miguel Araújo: Está em evolução, refletindo um compromisso crescente com a sustentabilidade e a redução das emissões de carbono. O país tem demonstrado um compromisso crescente com a sustentabilidade e com a redução de emissões de carbono, particularmente à luz das metas da União Europeia para alcançar a neutralidade carbónica até 2050. No que diz respeito à indústria do sector automóvel, estão a ser tomadas medidas de redução de emissões não só na transição para a produção de veículos elétricos e híbridos, como também na descarbonização da cadeia de fornecedores.
No entanto, é importante notar que o processo de descarbonização é desafiador e multifacetado. A necessidade de investimentos em infraestrutura, pesquisa e inovação é vital para impulsionar o desenvolvimento e a adoção de tecnologias mais sustentáveis. A criação de políticas mais robustas e incentivos pode acelerar ainda mais esse processo. O comprometimento contínuo, tanto do setor privado quanto do público, será essencial para alcançar as metas ambiciosas de sustentabilidade e descarbonização estabelecidas a nível nacional e internacional.
Mobinov – Cluster Automóvel Portugal
Representada nesta entrevista pelo seu Diretor Geral, Miguel Araújo, a Mobinov – Cluster Automóvel Portugal é uma plataforma de conhecimento e competência no âmbito da indústria automóvel, e da qual a MCG é membro oficial. Tem como um dos principais objetivos promover uma crescente valorização da competitividade e da internacionalização do sector.
Mais info » Roteiro de Descarbonização do Sector Automóvel Nacional
Pode ler a entrevista completa na edição nº 09 da Revista M da MCG: